domingo, setembro 07, 2008

Afinal há uma justificação

Até agora não consegui compreender a desresponsabilização do responsável maior pelo atraso na candidatura a uma verba de 6 milhões. Por isso, agradeço gentilmente a Fernando Sobral por ter escrito um artigo no Jornal de Negócios e por, consequentemente, me ter explicado as razões do Sr. Vereador.
«Há quem diga que os portugueses nunca chegam a horas. Ou que têm sistematicamente os relógios atrasados. Mas essa despreocupação tipicamente nacional, aliada à teoria do "dá-se um jeito", tornou-se uma firme cultura indígena. Como "rigor" é uma palavra que só existe no dicionário e a "culpa" se tornou uma espécie de produto descartável, não surpreende que ninguém se preocupe com prazos.
Os processos arrastam-se nos tribunais, os doentes arrastam-se anos em listas de espera, o país arrasta-se à espera da anunciada abundância. Portugal é um país que desconhece a existência de Greenwich: vive no fuso horário do facilitismo. Por isso não surpreende que a Câmara de Lisboa tenha falhado uma candidatura a fundos comunitários para construir escolas, porque "faltava uma operação". Ou não escandaliza que o processo da Câmara do Barreiro para um apoio no QREN tenha sido entregue fora do prazo, 12 minutos depois, porque "as pessoas atrasaram-se um bocadinho". Como gentilmente informava a vereadora da Educação da CML, "não é um drama, não é grave". Novos fundos hão-de vir. A uns, alguém há-de chegar a tempo. Este encolher de ombros mostra como o rigor é algo que desapareceu da administração pública. Afinal as taxas e os impostos irão compensar os dinheiros que não vieram. E ninguém, a começar pelos responsáveis políticos camarários, será penalizado. Espero que um dia destes existam fundos comunitários para comprar relógios de cuco. Mas, talvez, até a esses apoios as câmaras chegarão atrasadas.»
Sem mencionar o caso concreto da Câmara Municipal do Seixal, Fernando Sobral acabou de me explicar tudo. Provavelmente o Sr. Vereador Joaquim Santos também encolheu os ombros... Eu é que não soube aceitar a sua atitude. Porque, tal como Fernando Sobral, também acho que isto é alimentar a cultura indígena.
Pena que Fernando Sobral, eu, a JSD e muitos outros não gostemos dessa cultura... Mas, afinal, para o Sr. Vereador nós é que somos a força que destrói essa cultura que ele tanto gosta de alimentar. Porque nós gostamos de prazos cumpridos e de competência. É pena... Quando a incompetência é bandeira cultural, só me resta pedir desculpas e pedir-lhe: não se demita, Sr. Vereador; afinal, o Sr. é porta-estandarte da incúria.

4 comentários:

Filipe de Arede Nunes disse...

Bom o texto de Fernando Sobral, melhor o teu comentário sobre a realidade relativa a este assunto.

Infelizmente a fáctica realidade com que nos deparamos neste caso, da incapacidade de apresentação de uma candidatura a fundos comunitários no valor de 6 milhões de euros, é sintomática de toda a prática diária que, com grande grau de probabilidade, se estenderá a assuntos de índole semelhante.

Efectivamente, nós na JSD Seixal não podemos compactuar com esta latente incompetência, não podemos permitir que passem incólumes estes actos que lesam - pelo menos em potência - o património que é de todos, não podemos aceitar as desculpas que quem está já habituado a pedi-las - porque o faz recorrentemente - e temos de exigir que os responsáveis assumam os seus erros e que tomem, apenas, as decisões que são compatíveis com a rectidão que tem de existir naqueles que assumem os cargos públicos.

Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Anónimo disse...

Nuno Pocas:

Post muito bom. Um dos melhores quadros q este psd tem. Nao te percaas por ai e continua escrever.

abraço

Anónimo disse...

bom post.

parabens

Daniel Geraldes disse...

Eu continuo sem perceber porque é que o 6 milhões ainda não se demitiu? Mas ele ainda não percebeu que já esta a lesar o Concelho à tempo suficiente?

blogaqui?