Dá conta o
Boletim Municipal do Seixal – que refira-se, custará este ano aos habitantes do concelho do Seixal a módica quantia de
€ 560.018,00, (entre edição e distribuição) o que corresponde a 0.72% do orçamento municipal – que se realizou no passado dia 23 de Janeiro um plenário da Câmara Municipal do Seixal entre o executivo municipal e os trabalhadores da Autarquia.
Diga-se, em primeiro lugar, que, como não poderia deixar de ser este encontro realizou-se a um dia de semana e durante o horário de funcionamento dos serviços municipais, que naturalmente se viram impedidos de funcionar, privando centenas de munícipes do acesso a serviços que pagam, quer por força dos seus impostos, quer, mais grave ainda, através de uma mensalidade para a utilização de um serviço especifico (veja-se o caso das piscinas municipais que estiveram encerradas neste período, impedindo que os seus utentes usassem de um serviço previamente pago).
Em segundo lugar, e ao bom estilo das repúblicas comunistas, o encontro terá servido – pelo menos de acordo com o que atesta o Boletim Municipal – como verdadeiro comício por parte dos autarcas e das organizações representativas dos trabalhadores, o que é grave, porque aproveitando-se da qualidade de autarcas, não houve qualquer direito ao contraditório. Com intervenções de Francisco Rosário – pela Comissão Sindical - Teresa Nunes – em nome das Juntas de Freguesia, sendo a mesma Presidente da Junta de Freguesia da Arrentela – que disse:
“todos juntos, aliando vontades, forças, criatividade e espírito de sacrifício, havemos de resistir, como sempre resistimos, antes e depois do 25 de Abril”, Joaquim Rodrigues – em representação da Assembleia Municipal –
“deixou uma mensagem de esperança” – e são estas as palavras do Boletim Municipal – dizendo que
“apesar da ofensiva do Governo às autarquias locais e aos trabalhadores.”Por fim terá falado Alfredo Monteiro, o Presidente da autarquia que se referiu longamente à Lei Eleitoral, à Lei das Finanças Locais, ao Orçamento de Estado, acabou por referir que
“apesar de constrangimentos impostos pelas políticas do Governo”, com a
“retirada de direitos conquistados em Abril”, a autarquia promoverá a qualificação das condições de trabalho e a realização socioprofissional dos trabalhadores.
Tudo isto, em particular as palavras do Sr. Presidente da CMS, fazem-nos estranhar as palavras de alguns dirigentes do SINTAP que têm vindo posto em causa – através de diversos artigos publicados em jornais locais que devem ser objecto de questões directas aos responsáveis autárquicos – esta realidade tão dogmaticamente colocada por Alfredo Monteiro.
Face ao exposto há a dizer o seguinte:
1.º Não compreendemos o propósito desta iniciativa que priva cidadãos contribuintes de acesso, durante um período de tempo, aos serviços que deveriam ser proporcionados pela autarquia;
2.º Condenamos a autarquia e os seus autarcas que, aproveitando da situação para fazer um verdadeiro comício ao estilo estalinista;
3.º Condenamos as palavras do Sr. Presidente Alfredo Monteiro, que face à ausência de contraditório profere palavras que entram em conflito e contradição com o que tem vindo a ser afirmado por alguns dirigentes sindicais;
4:ª Finalmente, condenamos o uso do Boletim Municipal como órgão de propaganda da CMS, que serve os interesses de uma determinada linha programática, profundamente ideológica, ao invés de funcionar como um verdadeiro jornal isento.