Numa época em que já ninguem acredita na classe politica, numa época que desde a gestão municpal ao governo não há Homens que inspirem uma região, não há quem inspire uma nação. Ouve-se falar que já não há desígnio nacional, mas também não é menos verdade que não há quem valha a pena acreditar. Temos Primeiros-Ministros, Ministros, Secretários de estado, deputados, Prés. De Câmara, sem visão, sem vontade e com agendas próprias.
Numa época em que Portugal está numa abstinência de valores e de ideais motivados principalmente pela descredibilização de quem representa esses ideais, é importa saber que nem sempre foi assim, e que apesar de tudo, há esperança numa nova geração capaz de por os interesses públicos, os interesses da nação à frente dos interesses próprios. Uma geração competente e capaz, uma geração que volte a fazer Portugal acreditar.
Até esse dia, e tendo em conta que ontem, dia 16 de Novembro foi o aniversário da sua morte, penso que faz todo o sentido, mostrar aquele que na minha opinião foi uma das mais importantes figuras na História de Portugal num passado recente.
“Com grande carácter, vontade forte e ousadia extrema, Duarte Pacheco revoluciona Portugal nas mais diversas áreas: obras públicas, transportes e comunicações, assistência, ensino e cultura. Marca de forma decisiva “não apenas a imagem da Lisboa do seu tempo mas também a do País”, refere o deputado João Soares, no livro “Evocar Duarte Pacheco no Cinquentenário da Sua Morte”. “A sua personalidade e espírito empreendedor foram marcados por uma vontade de modernidade, em contradição com as circunstâncias da época em que viveu”, acrescenta.
Duarte Pacheco nasceu em Loulé em 19 de Abril de 1900. Aos 14 anos já tinha perdido a mãe e o pai, ficando sob a tutela do irmão mais velho, Humberto Pacheco. Ao longo dos estudos demonstra sempre elevado nível de intelectualidade e em 1917 ingressa no recém-criado Instituto Superior Técnico (IST). Seis anos depois termina o curso de Engenharia Electrotécnica com a classificação de 19 valores. Pouco depois, é convidado para professor de Matemáticas Gerais no Instituto e em 1927 é nomeado director do IST. No ano seguinte foi convidado para ministro das Obras Públicas. Abandona o governo em 1936 mas voltará em 1938 a ocupar cargos políticos, aceitando ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa, seguindo-se o regresso ao ministério das Obras Públicas nesse mesmo ano.
Duarte Pacheco debateu-se contra forças insondáveis e, como um velho urso, soube fintar muito bem os constrangimentos do regime. Na paz sonolenta de então, conseguiu deixar a sua marca. “É um congregador”, afirma o arquitecto José Manuel Fernandes. “É um ministro que se submete ao governo salazarista, mas que consegue uma liberdade de acção e inovação extraordinárias.” Propõe e faz. “Reorganiza o urbanismo de Lisboa, que estava desorientado, avança com auto-estradas, cidades universitárias, grandes parques da cidade, e consegue seduzir e motivar os arquitectos para fazerem o melhor possível.” Pacheco tinha algo de utópico, mas soube reunir à sua volta um núcleo de prestigiados arquitectos e engenheiros que deram forma aos projectos a que se foi dedicando.
Outro mérito de Duarte Pacheco foi “comprar terrenos para fazer Alvalade, ainda hoje considerado um dos melhores espelhos urbanísticos de Lisboa”, lembra o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles. Concretiza uma “obra pública” através do investimento em grandes espaços de território. “Hoje não se faz isso. Procura-se fazer um ‘puzzle’ de investimentos, cada um financeiramente rentável, sem ligação entre eles. E, depois, temos o caos total nas nossas cidades periféricas, o afogar da zona histórica e o abandono da agricultura.”
Portugal deve-lhe a modernização dos serviços dos correios e telecomunicações e a revolução do sistema rodoviário. Duarte Pacheco “soube aproveitar o poder de que foi investido para servir o seu país”, escreve Maria de Assunção Júdice, no livro “Evocar Duarte Pacheco no Cinquentenário da Sua Morte”.
Foi o impulsionador do grande salto qualitativo da engenharia portuguesa. O Aeroporto de Lisboa, a renovação do IST e o Parque de Monsanto também fazem dele uma referência obrigatória. “O Parque, que é hoje o pulmão da cidade de Lisboa, é concepção, execução e paixão de Duarte Pacheco”, garante João Soares.
Devoto ao trabalho, o governante tinha a missão de cuidar da cidade com dedicação, amor e disponibilidade permanente. Mas “o que resta da sua acção é mais do que isso: é o exemplo de como a modernidade é sempre factor de progresso e de como a qualidade não é incompatível com o viver na cidade”, sintetiza João Soares, no mesmo livro. Duarte Pacheco morreu num acidente de viação em 1943.”
É a diferença entre quem alia a competência ao orgulho de servir o País, e exemplos como os que têm vindo a ser denunciados neste e em muitos outros blogues.
O País está farto, está farto de face ocultas, de freeports, de BPN’s , BPP’s, de escândalos de pedofilia, de cursos tirados ao domingo, de amigos que são nomeados para isto e para aquilo, de urbanismo desenfreado, câmaras mal geridas, de casos Felgueiras, de apitos e sacos de todas as cores, formas e feitios, o País está farto… O País está farto que o façam passar por parvo..porque muito embora maior parte das vezes não se diga nada…a verdade é que tudo é notado e fica registado.
2 comentários:
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Pelo fim da falta de responsabilidade no desempenho de cargos públicos, pelo castigo da incompetência.E acima de tudo, pelo envolvimento das populações na vida política e sua identificação com aqueles que as gerem.
Outra das grandes figuras do seu tempo...Um tempo onde os governantes governavam, hoje governam-se...Acima de tudo a nação, Portugal, ou seja...TODOS NÓS!
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