"Querido Economista"
"Quando a minha filha completou seis anos, a minha mulher e eu decidimos começar a dar-lhe algum dinheiro para gastar.
Mas, a partir do momento em que tivesse dinheiro, iria certamente começar a comprar grandes quantidades de guloseimas. Assim, em vez de nos limitarmos a passar-lhe dinheiro para as mãos, começámos a verificar quanto dinheiro conseguia acumular, dinheiro esse que podia depois usar para comprar o que quisesse, conquanto não fosse comida e bebida.
Isto funcionou bem mas, quando celebrou oito anos foram muitos os nossos amigos e familiares generosos que lhe deram dinheiro. Ela pretende ficar agora com este dinheiro para ir comprando guloseimas, usando o dinheiro que lhe damos e que vou acumulando para comprar presentes para impressionar os seus benfeitores. Não queremos confiscar-lhe o dinheiro que recebeu no aniversário mas será que existe alguma forma de desencorajá-la?
William Nicolson
Pai sem margem de manobra
Querido pai sem margem de manobra
A sua filha descobriu que o dinheiro é fungível. Como se diz no sector da ajuda humanitária, achamos que o nosso dinheiro está a ser usado para financiar o projecto que preferimos quando, no fundo, está a financiar o projecto favorito do presidente. Assim, faz uma doação sob condição que o mesmo seja gasto na construção de mais um hospital, o receptor do mesmo constrói o hospital que sempre pensou construir, envia-lhe os recibos e aumenta os seus gastos em limusinas e metralhadoras AK-47. (Gastou o seu dinheiro todo no hospital ou em limusinas? A pergunta é insignificante, e isso é fungibilidade).
O seu plano só funcionou quando a sua filha não tinha acesso a fontes de financiamento externo.
Vejo aqui três opções possíveis. Ponha de parte a ideia de lhe confiscar o dinheiro. A segunda consiste em oferecer incentivos para que reduza o consumo de guloseimas aumentando ou reduzindo a semanada da sua filha. O problema é que o consumo de guloseimas pode ser difícil de controlar. A terceira consiste em aceitar a derrota e deixar que faça as suas próprias escolhas. As guloseimas têm custos e benefícios, e a sua filha parece ser melhor economista do que você."
in " http://economico.sapo.pt/noticias/querido-economista_81601.html "
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